terça-feira, 19 de junho de 2012

O REINO DE DEUS



Por meio da Parábola da semente que germina por si só” e da “Parábola do grão de mostrada”, o Evangelho do 11º Domingo do Tempo Comum, Ano B, segundo São Marcos (Mc 4, 26-34) traz uma catequese sobre o Reino de Deus.

Jesus compara o Reino de Deus como um homem que lançou uma semente à terra. Noite e dia, esse homem dorme e levanta-se, enquanto a semente germina e cresce sem ele saber como. Ele não vê, mas a semente germina e continua a crescer... A terra vai agindo sobre a semente, esta semente, por si mesma, torna-se uma plantinha, que vai crescendo, crescendo, produz fruto, primeiro a erva depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. E quando o trigo o permite, quando o fruto está no ponto, logo, imediatamente se lhe lança a foice, porque já chegou o tempo da colheita.

Mas, vamos tentar entender melhor a Parábola do grão que germina por si só. Qual a atitude do homem-agricultor? Semear (jogar a semente) e colher. A semente vai crescendo e amadurecendo sem que o homem intervenha para impedir ou acelerar o processo, não é isso? Pois bem, qual o resultado final? Independente dos esforços e da habilidade do homem, o resultado final é que a semente, com seu dinamismo, germina. O que representa a semente? A semente é o Reino de Deus, ou seja, uma iniciativa divina, pois é Deus quem atua, dia e noite, e nada poderá frustrar o seu plano. Não adianta forçar o tempo ou os resultados. É Deus que dirige a marcha da história e que fará com que o Reino aconteça, de acordo com o seu tempo e o seu projeto. Desta forma, a parábola convida à serenidade e à confiança nesse Deus, que não dorme nem se demite, e que não deixará de realizar, ao seu tempo e de acordo com a sua lógica, o seu plano para os homens e para o mundo.

Então, Jesus pergunta: Com que compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos? É como um grão de mostarda que, quando é semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra; mas, quando é semeado, cresce e torna-se a maior de todas as hortaliças, e deita grandes ramos, a tal ponto que as aves do céu se abrigam à sua sombra. Jesus anunciava a Palavra por meio de parábolas, como essas, explicava tudo em particular aos seus discípulos. Aqui está a segunda parábola: a Parábola do grão de mostarda.

Pois bem, a semente de mostarda, para quem não conhece, é muito pequena. Aqui a semente do Reino, ou seja, a Boa Nova é lançada pelo anúncio de Jesus a todos, indistintamente. Ainda que o Reino de Deus tenha inícios modestos ou que se apresente com sinais de pequenez, aos olhos do mundo, tem uma força irresistível, pois encerra em si o dinamismo de Deus. Isso demonstra uma coisa: Deus serve-Se de algo que é pequeno e insignificante aos olhos do mundo para concretizar os seus projetos de salvação e de graça em favor das pessoas. Desta forma, a parábola é um convite à esperança, à confiança e à paciência. Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena.

Como vemos, o Evangelho apresenta duas parábolas: a primeira traz uma catequese sobre o Reino de Deus. Jesus é o Messias que proclama o Reino de Deus. Para ingressar nesse Reino é preciso conversão, uma mudança de mentalidade para aderir os valores que Cristo encarna. Isso não implica escravidão, mas a própria realização, pois onde começa este Reino no homem, ali está a sua salvação. Deus caminha conosco e nos leva ao encontro de um final feliz. O seu projeto de salvação revela-se no anúncio do Reino, feito por Jesus ao propor um caminho novo, uma nova realidade. A semente já foi lançada e não foi em vão: está entre nós e cresce por ação de Deus. Resta-nos acolher essa semente e deixar que Deus realize a sua ação. Resta-nos, também, como discípulos de Jesus, continuar a lançar essa semente do Reino, a fim de que ela encontre lugar no coração de cada homem e de cada mulher.

A segunda parábola, quanto à pequenez da semente, somos convidados a rever os nossos critérios de atuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Às vezes, é naquilo que é pequeno, e aparentemente insignificante, que Deus Se revela. Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e são deles que Deus Se serve para transformar o mundo. Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino. Sempre que nos deixamos levar por tentações de grandeza, de orgulho, de prepotência, de vaidade, estamos a frustrar o projeto de Deus, a impedir que o Reino de Deus se torne realidade no mundo e nas nossas vidas.

Foi lançado o convite: olhar para a vida e para o mundo com confiança e esperança em Deus, fiel ao seu plano de salvação.

Brasília, 15 de junho de 2012
Maria Auxiliadôra