quinta-feira, 19 de julho de 2012

MISSÃO DOS DOZE


Hoje refletiremos sobre a Missão dos Doze, tema do Evangelho segundo Marcos (Mc 6,7-13). A liturgia recorda-nos a atuação de Deus no mundo por meio das pessoas que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação. O “chamado” e, consequentemente, o “envio” é uma tarefa que não se pode realizar no individualismo, na solidão, mas numa dimensão comunitária. Por isto, Jesus chamou os Doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois.

 
Por que “doze”? O “doze” aqui é um número simbólico, lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “Doze” discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo Povo de Deus que é enviada em missão. Então, os Doze são enviados dois a dois, exatamente porque a evangelização tem uma dimensão comunitária, já que os discípulos são enviados em missão. Esta missão era o anunciar o Reino de Deus e lutar contra tudo aquilo que escraviza o homem e o impede de ser feliz. O ir “dois a dois” significava a necessidade de duas testemunhas para a declaração dos acontecimentos importantes.

 
Antes de enviá-los, Jesus dá-lhes algumas instruções de como proceder, claro, Ele é o Mestre, além de dar-lhes autoridade sobre os espíritos impuros. Também, faz algumas recomendações tais como não levarem nada além do bastão, nem mesmo pão nem sacola nem dinheiro nem duas túnicas. Por que? Exatamente porque eles deveriam se sentir livres para a missão, sem laços, livres de todo apego aos bens e meios materiais, livres de todo orgulho e ânsia de poder, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas, para que a preocupação com essas coisas materiais não os desviassem do seu objetivo, já que a finalidade era pregar a vida eterna, afinal, eles acreditavam e confiavam em Deus e em sua providência.

 
Ainda, disse-lhes Jesus: “Onde quer que entreis numa casa, nela permanecei até vos retirardes do lugar. E se algum lugar não vos receber nem vos quiser ouvir ao partirdes de lá, sacudi o pó de debaixo dos vossos pés em testemunho contra eles”. Partindo, eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam muitos demônios e curavam muitos enfermos, ungindo-os com óleo.

 
As instruções de Jesus aos discípulos representam o sentido e o valor que eles deviam observar. Assim como nós, cristãos, também, somos chamados a evangelizar, e quem nos chama, quem nos convida é Jesus, a iniciativa é Dele, cabe-nos responder a esse chamado... Todos são convidados, não apenas um grupo, uma comunidade, uma nação, mas todos. O Evangelho fala em “doze”, que é a totalidade do Povo de Deus. Então, todos são chamados... Será que nos sentimos parte dos “doze” como convocados por Jesus a viver a fé? O que realmente significa hoje ser um “enviado” de Jesus? A que lugares de maneira particular Ele nos envia? Quais as coisas nos prendem e nos impedem de cumprir nossa tarefa missionária? Se pensarmos bem, somos muitas vezes escravos do “ter”, do status... Sentimo-nos amarrados em bens materiais, em coisas desnecessárias para viver que a sensação, a impressão é que elas acabam se incorporando em nossa vida. Parece que não conseguimos mais viver sem elas. Se não cuidarmos, o essencial vai sendo substituído... E o que é essencial? Devemos nos perguntar sempre...

 
Jesus nos adverte, assim como advertiu os discípulos: ter uma atitude de sobriedade e de despojamento, desapego aos bens materiais, às idéias e preconceitos, aos maus hábitos, aos maus comportamentos; tudo isso constitui obstáculo para a missão de anunciar o Reino.

 
Além do mais, em quais situações devemos “sacudir o pó”, sacudir a poeira dos pés na tarefa missionária? A nossa tarefa não é só em lugares longínquos, pode ser no trabalho, na sala de aula, até mesmo em nossa casa, dentro da nossa família, em nossos relacionamentos, muitas vezes sem o mínimo de diálogo....

 
Tenhamos coragem, pois sempre seremos fortalecidos pela Palavra de Deus, pela oração, pela vivência nos sacramentos que nos dão respaldo e firmeza para caminhar sem machucar os pés. Por isso, temos que ter perseverança e confiança, se erramos, podemos nos arrepender, Deus nos perdoa se nos arrependermos sinceramente. Sejamos humildes e confiantes da Providência Divina. Assim seja!

Brasília/DF 13.07.2012
Maria Auxiliadôra Martins Melo