terça-feira, 18 de setembro de 2012

COMO SEGUIR JESUS


O Evangelho Segundo Marcos (Mc 8,27-35), cujo tema é “Como seguir Jesus”, traz um breve diálogo de Jesus com seus discípulos.

Esse diálogo inicia-se com a pergunta de Jesus aos seus discípulos: "Quem dizem os homens que eu sou? Os discípulos responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros ainda, que és um dos profetas". Jesus sonda qual conhecimento tem o povo de sua pessoa e, pelas respostas, podemos concluir que a multidão coloca Jesus entre os maiores profetas, conforme a fé judaica. Ele quer saber qual a visão daqueles que o acompanharam desde o começo... Então, Jesus perguntou-lhes: “E vós, quem dizeis que Eu sou? Pedro tomou a palavra e respondeu: “Tu és o Messias”.

“Messias” em hebreu é o mesmo que “Cristo” em grego e, em latim, quer dizer “ungido”. Jesus é chamado o Messias, o Cristo ou o ungido por ter sido impregnado em plenitude pelo Espírito Santo. Jesus é o Messias que proclama o Reino de Deus. Dizer que Jesus é o Messias, o Cristo, significa dizer que Ele é esse libertador que Israel esperava, enviado por Deus para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva. Portanto, Jesus é reconhecido como o enviado definitivo de Deus, o cumprimento de todas as esperanças de libertação, contraponto da história de Israel.

Analisando a resposta de Pedro (“Tu és o Messias”) podemos nos perguntar: E para nós, quem é Jesus e qual o lugar Ele ocupa em nossa vida? Essa pergunta continua muito atual... Será que entendemos realmente, como Pedro, que Jesus é o Messias?

Então, Jesus ordenou-lhes severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Jesus os manda calar, não porque a resposta de Pedro não fosse certa, mas porque queria apresentar seu estilo de messianismo.

Na verdade, Pedro não entende a proposta de Jesus. Jesus fala do sofrimento e da cruz. Pedro aceita Jesus como messias, mas não como messias sofredor. Era como uma cegueira, não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele....

Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-LO. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: “Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens”. E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á”.

Ora, a reação de Pedro, da comunidade, pode ser entendida de duas maneiras. A primeira é que os discípulos não tinham compreendido o tipo de messianismo de Jesus que passa pela cruz. E a segunda é que os discípulos têm medo de ficar envolvidos com o destino de seu Mestre, e terem a mesma sorte. Jesus sabe que sua fidelidade ao projeto de Deus passa pelo caminho da cruz e ressurreição, por isso as palavras de Pedro soam para ele como a tentação de um messianismo alternativo, ao qual rejeita energicamente. Portanto, a oposição de Pedro (e dos discípulos, pois Pedro continua a ser o porta-voz da comunidade) significa que a sua compreensão do mistério de Jesus ainda é muito imperfeita. Para ele, a missão do “messias, Filho de Deus” é uma missão gloriosa e vencedora; e, na lógica de Pedro – que é a lógica do mundo – a vitória não pode estar na cruz e no dom da vida.

Como vemos, Jesus é apresentado como o Messias libertador, enviado ao mundo pelo Pai para oferecer aos homens o caminho da salvação e da vida plena. Cumprindo o plano do Pai, Jesus mostra aos discípulos que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.

Mas, o que significa, exatamente, renunciar a si mesmo? Significa renunciar ao seu egoísmo, ao comodismo e auto-suficiência, para fazer da vida um dom a Deus e aos outros. O cristão não pode viver fechado em si próprio, preocupado apenas em concretizar os seus sonhos pessoais, os seus projetos de riqueza, de segurança, de bem estar, de domínio, de êxito, de triunfo… O cristão deve fazer da sua vida um dom generoso a Deus e aos irmãos. Só assim ele poderá ser discípulo de Jesus e integrar a comunidade do Reino.

E o que significa “tomar a cruz” de Jesus e segui-LO? A cruz é a expressão de um amor total, radical, que se dá até à morte. É amar até às últimas consequencias, até à morte mesmo! Significa a entrega da própria vida por amor. “Tomar a cruz” é ser capaz de gastar a vida – de forma total e completa – por amor a Deus e para que os irmãos sejam mais felizes. Jesus não diz “pegue a sua cruz e vá embora”, mas “tome a sua cruz e siga-Me”, porque Jesus não abandona ninguém; ao contrário, Ele está junto. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso signifique enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos. O cristão não tem medo de denunciar as injustiças...

No final, Jesus explica aos discípulos as razões pelas quais eles devem abraçar a “lógica da cruz”. Convida-os a entender que oferecer a vida por amor não é perdê-la, mas ganhá-la.

Meus amigos, quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos, não fracassa, mas ganha a vida eterna, a vida verdadeira que Deus oferece a quem vive de acordo com as suas propostas. Essencialmente, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Portanto, as conclusões de Jesus valem até hoje - Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á.

Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o Império Romano impunha aos marginais. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. A cruz não é fatalismo, nem é exigência do Pai. A cruz é a consequencia do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos devem ser aceitos e tratados como irmãos. Por causa deste anúncio revolucionário, Ele foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão.

Brasília 14/09/2012
Maria Auxiliadôra